domingo, 30 de dezembro de 2007

Avó

O mundo perdeu mais um sorriso avó, mas o céu ganhou mais uma estrela.
Sinto o tempo mais frio, os dias mais escuros e as lagrimas prontas a escorrer pelo meu rosto.
Preciso do teu beijo avó, do teu olhar doce, da tua voz serena que me contava historias à tarde depois de dormires a sesta.
Preciso de ti aqui avó, preciso de ir até ao quintal de plantar de novo o milho que cresceu a ouvir todas as nossas conversas e brincadeiras.
Quero arranjar a comida para as gaivotas, avó, quero que com toda a tua paciência me ajudes a prepara-la, quero ir lá a cima avó, sentar me ao teu lado e ouvir o que fazias quando eras pequena, a historia do lobo, da tua irmã que nunca conheci, das ovelhas, das casas de xisto e tetos de colmo, do pão escuro e do cheiro a fumo, quero que me contes com orgulho a historia dos pasteis de bacalhau que fizeste, que eram tantos para tanta gente e que sumiram.
Quero que me olhes com ar serio e digas “olha que o teu avô ainda nasceu no tempo dos reis!”
Avó, não podias partir assim, não antes de te levar a Covas do Rio, avó, não podias deixar-me antes de eu casar, antes de conheceres o meu namorado, não avó, não podias ir avó.
Mas eu sei que querias, eu sei, e Ele vai tomar conta de ti.
Dá um beijo ao avô diz lhe que tenho saudades dele mesmo de quando ele gritava comigo.
Adoro-te avó.
Tenho saudades tuas.

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